Rubens Maidal
A higiene nos 800 no Brasil
Rubens Amador
Jornalista
Não esqueço de um programa do Jô Soares em que uma historiadora importante narrou como era a higiene nos anos em que Dom Pedro I governava o Brasil. Não havia a mínima higiene. Pelas manhãs, os moradores do Rio de Janeiro daquela época despejavam seus urinóis pelas janelas e sacadas no meio das ruas, com todas as dejeções havidas. O solo era de chão batido. Por esta razão grassava então na população da época o "bicho de pé", dada a contaminação do solo.
O banho era geralmente anual. Cuidavam de conservar limpos apenas os sovacos e o rosto. Não havia água, que só veio em 1808. O Rio de Janeiro de então foi o primeiro município brasileiro a contar com o precioso líquido. Em cada casa, era luxo manter na sua sala de visitas várias escarradeiras de louça, onde as visitas e os da casa limpavam seus peitos ruidosamente.
As ruas eram limpas por galinhas, patos, urubus e ratos, que infestavam as ruas da cidade. Vicejavam pulgas, piolhos, muquiranas, percevejos. Baratas, muitas baratas. Para se ter uma ideia de como era tratada a questão da higiene e a compostura vigente naqueles dias, o próprio imperador Pedro I, mesmo que estivesse passando em revista uma tropa em cerimônia pública, se tivesse vontade de defecar, baixava o seu culote e fazia suas necessidades ali mesmo, em público.
Este homem que foi grande amante, de capacidade sexual excepcional, teve 13 filhos reconhecidos e cinco naturais. Atingiu grandeza no meio daquela situação toda, quando em 7 de setembro de 1822, junto ao Riacho do Ipiranga, o herdeiro de Dom João VI rompeu definitivamente com a sua família e declarou o célebre "Independência ou morte! Estamos separados de Portugal". Foi, apesar de tudo, uma figura controversa. Teve grandes mestres. Falava latim, francês e inglês. Chamava-se Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel.
Mas, voltando ao banho, a higienização do corpo chegou só com bons exemplos dos povos orientais e indígenas, por fim com a influência europeia, quando então o asseio passou a ter certa preocupação nos moradores do Rio de Janeiro daquela época.
Ficou provado que a higiene é uma providência importante para a vida das pessoas, entre outras carências. As criaturas daqueles dias de tanta falta de asseio viviam muito pouco. Dom Pedro I mesmo, morreu aos 36 anos de idade!
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